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[domingo, novembro 7]

Letra de "Cambalache"
Artista: Raul Seixas

CAMBALACHE

Que o mundo foi e será uma porcaria eu já sei,
Em 506 e em 2000 também.
Que sempre houve ladrões, maquiavélicos e safados,
Contentes e frustrados, valores, confusão.

Mas que o século XX é uma praga de maldade e lixo,
Já não há quem negue.
Vivemos atolados na lameira
E no mesmo lodo todos manuseados.

Hoje em dia dá no mesmo ser direito que traidor,
Ignorante, sábio, besta, pretensioso, afanador.
Tudo é igual, nada é melhor,
É o mesmo um burro que um bom professor.
Sem diferir, é sim, senhor.
Tanto no norte ou como no sul.
Se um vive na impostura e outro afana em sua ambição.
Dá no mesmo seja padre, carvoeiro, rei de paus, cara dura ou senador.

Que falta de respeito, que afronta pra razão.
Qualquer um é senhor, qualquer um é ladrão.
Misturam-se Beethoven, Ringo Star e Napoleão,
Pio IX e D. João, John Lennon e San Martín.

Como igual na frente da vitrine,
Esses bagunceiros se misturam à vida.
Feridos por um sabre já sem ponta,
Por chorar a bíblia junto ao aquecedor.

Século XX, "cambalache", problemático e febril.
O que não chora, não mama, quem na rouba é um imbecil!
Já não dá mais, força que dá,
Que lá no inferno nos vamos encontrar.
Não penses mais, senta-te ao lado,
Que a ninguém mais importa se nasceste honrado!
Se é o mesmo que trabalha noite e dia como um boi,
Se é o que vive na fartura,
Se é o que mata, se é o que cura
Ou mesmo fora-da-lei.

(Raul Seixas)




Depois de umas semanas com blog em estado de coma, olha um novo post aqui.
Após aquela prova que me fodi, mandei um email pro meu professor de Civil, pedindo por favor que ele me desse uma chance de fazer outra prova, pois me disseram que ele permite, mas eu não sabia como a coisa funcionava. Ele me respondeu super fofamente: "Charlene, não é favor. Pela nossa convenção é direito". Achei tão simples, humano e simpático. Comecei a chorar compulsivamente na frente do PC, não pela oportunidade em si, mas porque existem pessoas que têm uma mente tão aberta, uma consciência tão plena de fazer o mais justo pelos outros.
Esse meu professor é juiz, até aqui de perto mesmo. Enquanto meus outros professores são altamente conhecidos porque são procuradores do Estado, da União, são advogados de gente filha da puta e rica como Eurico Miranda, em suma, são altamente influentes dentro do Direito do país inteiro; esse professor é juiz em Nova Iguaçu, na Baixada, aqui pertinho. Ele não é todo cheio de pose, ele senta na mesa (em cima da mesa mesmo) e diz "Vamos começar o nosso bate-papo" e leva a aula como uma conversa. Tudo bem que falta didática a ele, por isso eu só entendo as coisas que ele ensina depois que leio alguma coisa sobre. Mas como pessoa, ele é incrível, mas isso importa pros alunos? Obviamente pesa muito mais o fato do outro professor de Civil também ser um elitista advogado do Eurico Miranda, que dá uma aula maravilhosa e ensina muita coisa.
O que vale mais? Um professor meio fraco, não porque não sabe, mas porque não tem didática. Mas que é uma pessoa que vê vários lados das situações, afinal, é um juiz. Ele sempre pondera vários fatores, sempre tenta ser o mais justo e humano possível. Enquanto o outro professor é um louco. Dá uma prova com 4 questões, a primeira valendo 4 pontos. Se a maioria da turma errar essa questão (o que sempre acontece), ele aumenta pra 6 pontos. Ou seja, é um filho da puta que não tem critério. Injusto e elitista. Nas aulas diz que "O Direito não é pra fazer justiça, o direito é pra defender interesses", um egoísta que conhece a lei e tira proveito dela do jeito que ele quiser.

Já passei meses em plena decepção e certeza de que aqueles que só fazem merda sempre acabam se benefiando. É só olhar à volta. Quanta gente egoísta, quanta gente mesquinha e é muito raro algum ato de pessoas boas conseguir uma vitória em cima dessa gente que não presta.
Eu mesma sofro o tempo todo. Uma frase me marcará pro resto da minha estúpida vida: "Charlene, você é muito certinha, você é muito séria". Infelizmente, eu ainda não consegui ser diferente. Essa pessoa usou e abusou dessa minha personalidade que sempre buscou o melhor pra ela. Cansei dessa porra, mas consigo mudar? Infelizmente TUDO AINDA não. Mas algumas coisas sim.

Se dá no mesmo ser direito que traidor, quero ser o traidor (embora eu não consiga), que ganha mais vezes. Não adianta a idéia de que o bem triunfa sobre o mal, pois o mundo, o cotidiano, tudo demonstra que não é bem assim.
Dezenas de pessoas olham pra mim dizendo "Você não merece isso, você é uma pessoa tão boa". Ah, tadinha de mim. Foda-se que eu não mereço, pois é isso que os fatos dizem.

Tirando tudo isso, consegui fazer outra prova. Depois de semanas. E acho que tirei uma nota muito boa. Pois foi uma prova até mais fácil do que as outras. Nessa expectativa toda de prova, eu estudei pacas e aprendi coisas que não aprenderia com o outro professor (o elitista).
Mas a realidade é a seguinte: vou sofrer muito mais na vida por causa desse meu jeito. Sofrer muito mesmo. E então me pergunto se vale a pena viver essa vida de sofrimento lento. Se ao menos eu fizesse diferença, mas a única diferença é que o mundo está tirando o que há de bom de mim. Eu sofro e perco. Me perco, perco o que tenho de bom.
Mas que o mundo tire logo tudo de "bom" que há em mim pra que esse choro constante pelas injustiças termine de uma vez. Quero meu coração frio e desalmado.


"Hoje em dia dá no mesmo ser direito que traidor,
Ignorante, sábio, besta, pretensioso, afanador.
Tudo é igual, nada é melhor.
(...)
Século XX "cambalache", problemático e febril.
O que não chora, não mama,
Quem na rouba é um imbecil.
(...)
Não penses mais, senta-se ao lado,
Que a ninguém mais importa se nasceste honrado"

traduzido por Charlene Farias às 6:14 PM  
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