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[sexta-feira, julho 16]

Letra de "Ideologia"
Artista: Cazuza

IDEOLOGIA

Meu partido é um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas.
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito.
Ah, eu nem acredito

Que aquele garoto que ia mudar o mundo,
Freqüenta agora as festas do Grand Monde.

Meus heróis morreram de overdose.
Meus inimigos estão no poder.

Ideologia,
Eu quero uma pra viver.
Ideologia,
Eu quero uma pra viver.

Meu prazer agora é risco de vida.
Meu sex and drugs não tem nenhum rock'n roll.
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou.
Ah, saber quem eu sou.

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo,
Mudar o mundo...
Agora assiste a tudo de cima do muro.
De cima do muro.

Meus heróis morreram de overdose.
Meus inimigos estão no poder.

Ideologia,
Eu quero uma pra viver.
Ideologia,
Eu quero uma pra viver.

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo,
Mudar o mundo...
Agora assiste a tudo de cima do muro.
De cima do muro.

Meus heróis morreram de overdose.
Meus inimigos estão no poder.

Ideologia,
Eu quero uma pra viver.
Ideologia,
Eu quero uma pra viver.

(Cazuza)




Tenho que entregar um trabalho sobre pessoa e personalidade até quarta-feira e ninguém imagina o quanto isso pra mim é incômodo.
Primeiramente, porque é trabalho e odeio esse tipo de coisa. Minha didática é tão limitada. "Segundamente", é um grupo e, em geral, uma perfeccionista individualista se sente frustrada nesse contexto. E vai somar e dividir com a prova, ou seja, vou ter que fazer trabalho e também estudar aquele monte de textos.
Pessoa no Direito é algo razoavelmente simples. É aquela coisa, tá na lei, então é ou não (tô cortando o peso dos valores morais, interpretações e blá blá blá). Agora em Sociologia é um saco definir. Porque tem toda aquela coisa de indivíduo e sociedade e tudo parece um imenso palco e as pessoas meros bonequinhos encenando o que se espera delas.
O que é personalidade? Até que ponto ela é construída pelo indivíduo ou é imposta a ele? Muito viajante e depressivo se começar a ver que tudo parece uma teoria da conspiração. A idéia que o livro fonte passa é que não tem pra onde fugir, meu filho, você é o que querem que você seja.
E uma das coisas que me pegou foi isso. Porque no nosso grupo tem um cara muito idealista e meio radical demais pro meu já conformado gosto. Tudo ele critica, ele não aceita nada sem ponderar imensamente sobre o que está recebendo. E discute com alunos, professores, até com a cadeira se ele resolver que ela tá no lugar errado e tem argumentos fortíssimos pra deixar o objeto tão abalado que é capaz de se transformar numa mesa.
Hoje ele começou a discutir sobre Collor com o professor, dizendo que o Direito se omitiu e quase começou uma guerra civil na sala porque as pessoas estão receosas das palavras dele já. Ontem ele discutiu com uma menina e um dos argumentos foi baseado em ela ser negra e fazer alisamento no cabelo. Aliás, hoje ele me disse que negro fazer alisamento, vestir paletó e falar manso é culpa da padronização dum comportamento esperado pela sociedade. E foda-se, caralho! Porque agora não me interessa pensar na incorporação ou não de uma atitude pré-determinada socialmente. A frase soa até engraçada pra mim relendo.
Ele também pediu minha opinião sobre a discussão do Collor e eu disse na maior cara de pau do mundo: "Eu não acho nada", a resposta dele foi "Não acredito, Charlene. Esses são os advogados que se formarão aqui". Eu sou uma vendida. Pior que uma vendida, sou uma derrotada. Aliás, uma desistente sem nem pisar em campo de batalha. Porque tô cansada de idealismos, estou cansada de achar que tenho que ajudar a porra do próximo que está pouco se fodendo pras minhas ações, pro que penso, pro que sinto. Três foda-se's e viva o egoísmo e o conformismo.
Sou extremamente flexível e agora me tornei relativista. Tudo depende. Tem gente morrendo, tem gente matando, mas dependendo de cada caso em particular, eu vou até aplaudir. Quem sabe ajudar. Radicalismo sucks me e idealismo desgasta a consciência, muitas vezes inutilmente. Minha posição no mundo é em cima do muro, de preferência onde tenha sombra e água fresca (ou quente dependendo da temperatura ambiente).
Agir eu não vou mesmo. Preguiçosa eu sempre fui. Das vezes que resolvi pôr em prática o idealismo perdido, não melhorei nada e ainda fui chamada de anormal. Tá, com ou sem ideais eu ainda sou anormal, mas não por excesso, por falta. Porque em vez de agir e protestar e tentar mudar, eu me calo, aceito ou nem mesmo participo. Rebelião na sala de aula pra fazer o professor dar trabalho e não prova e o que eu faço? Enquanto está 98% da turma lá em cima do professor, eu estou sentada dizendo "Eu não vou abrir minha boca pra discutir com o professor, então ali na frente não farei diferença". É o que tenho feito. Ou não feito, aliás.
Eu me tornei muito egoísta. Estou também muito insensível e vamos dar três vivas "pra moldura de pensamento que a sociedade me impôs". Porque essa desculpa é a minha preferida e enxergar meus defeitos é minha especialidade, principalmente quando elas servem de justificativa pra eu continuar sendo a mesma involuntária de sempre.
Meu mundo é a minha consciência e essa não anda bem. Só me importam meus probleminhas emocionais e foda-se o mundo exterior, porque "Meu partido é um coração partido" desde um tempo atrás. Às vezes duvido até que exista mundo, mas essa não é a questão.
Essa música é TUDO que sou agora e olha que eu a odiava tanto. Aí minha mãe veio me falar de trabalhar como consultora jurídica na igreja pra ajudar as pessoas, trabalho comunitário e quem disse que me interessa? "Ah, eu nem acredito... que aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo de cima do muro". Veja você que contraste.
Mas talvez passe, pois tudo passa por mim sem eu me relacionar muito. Só que nesses dias que perco o sentido das coisas que eu deveria ter um revólver. Talvez tivesse um fim. Pra mim. Que é só quem me interessa nesse e em muitos instantes.
Esse post tá imenso, eu sei, mas eu precisava exteriorizar pra suportar já que não tem pra quem falar no momento. E crise de identidade sucka.
Eu preciso de uns abraços. Mas é exigir demais.

traduzido por Charlene Farias às 5:09 PM  
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